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Separar os resíduos recicláveis dos não recicláveis (rejeito) ou lixo comum ainda não é um hábito incorporado por toda a população, mas em Contagem essa realidade está mudando. Atualmente a coleta seletiva cobre 40% da área residencial do município e vem crescendo com a colaboração entre a população, a Prefeitura e, principalmente, os catadores que fazem esse ciclo girar com dignidade e trabalho duro. 

A coleta seletiva é um processo necessário para a gestão de resíduos, que consiste na separação do lixo de acordo com seu tipo de material. O objetivo principal é destinar cada material para o seu devido lugar, facilitando a reciclagem e o tratamento adequado dos resíduos.

“As pessoas estão acostumadas a descartar todos os seus resíduos juntos e pode ser difícil mudar esses hábitos enraizados, por isso temos trabalhado cada vez mais para ampliar a coleta seletiva, incentivar e conscientizar a população na gestão dos resíduos. É um esforço conjunto que envolve a Prefeitura, a população e os catadores, com o objetivo de construir um futuro mais sustentável para nossa cidade e gerar renda para inúmeras famílias de catadores”, afirmou a secretária de Serviços Urbanos, Renata Gomes.

Com foco na sustentabilidade e na geração de renda, a Secretaria Municipal de Serviços Urbanos, investe no fortalecimento do Programa Municipal de Coleta Seletiva, que registrou um aumento expressivo em relação a 2020. A coleta seletiva porta a porta conta com seis veículos próprios, adequados para prestar o serviço, que recolhem cerca de 11 toneladas diárias de recicláveis, em 71 bairros. 

 
Depois de coletado, porta a porta, os recicláveis dão levados para galpões de triagem e encaminhados à venda - Fotos: Luci Sallum/PMC e Janine Moraes/PMC

Só em 2024, foram processadas mais de 3.300 toneladas de resíduos. O trabalho é realizado por 88 catadores vinculados às associações Asmac e Coopercata, que coletam e fazem a triagem do material.  Após a triagem, os recicláveis são organizados em fardos - volume de material compactado - por tipo e comercializados pelas próprias associações, com as indústrias recicladoras, onde são transformados em novos produtos, reinserindo-se na cadeia produtiva.

De acordo com a secretária, o objetivo do município é ampliar ainda mais o alcance da coleta seletiva até 2036, fortalecendo a economia circular, reduzindo a quantidade de resíduos que vai para o aterro sanitário e garantindo que cada embalagem descartada tenha um novo destino, e, junto com ela, novas oportunidades para quem vive da reciclagem.

O subsecretário João Batista reforçou o papel da população nesse processo. “A coleta seletiva só é possível quando ocorre a separação dos resíduos na fonte geradora. A população precisa fazer a sua parte conforme a legislação vigente, senão todo o trabalho realizado pela Prefeitura junto com as associações de catadores perde a sua condição de existência”.

Os catadores, atuam nos galpões do Riacho, Perobas e Retiro, e recebem uma renda média mensal de R$ 2.446,26. Para além dos números, as histórias de vida deles mostram a transformação proporcionada pela coleta seletiva e o impacto social dessa política pública.

Cidadania assegurada

Além da conscientização ambiental, economia de recursos naturais, redução da poluição, a coleta seletiva também gera emprego e renda, sendo um instrumento de cidadania. Os catadores também recebem capacitações para aprimorar o trabalho. 

Luciana Lourenço Pereira, filha de Marleninha, uma catadora experiente do bairro Riacho, há cinco anos trabalha com reciclagem. Ela disse que encontrou na coleta seletiva a oportunidade de recomeçar após um período complicado. “Me vi numa situação muito difícil e foi a única fonte de renda que eu encontrei para cuidar do meu filho. Eu trabalhava recolhendo na rua, puxando carrinho. Hoje eu consigo manter minha casa, cuidar do meu filho e levar a vida com dignidade”, contou.

Apesar do orgulho, Luciana não ignora os desafios. 

“Ainda tem muita discriminação, muita falta de informação por parte da população.
Mas eu tenho muito orgulho do que faço. É um trabalho honesto e digno”.

Já Carla Alexandra Lopes Barbosa, da Coopercata, emocionou-se ao lembrar da sua trajetória de mais de 20 anos como catadora. “Hoje eu tenho minha moradia graças à coleta seletiva. Conquistei com muito esforço. É daqui que sai o sustento da minha família”, afirmou.

Carla explicou que enfrentou a depressão e uma vida instável até ser acolhida pelos companheiros de profissão. “Tive muito amor aqui. Tenho pessoas aqui que são como uma segunda mãe pra mim. Hoje eu me levanto todos os dias às 5 horas da manhã com orgulho de ser catadora”.
 

Carla Barbosa (de vermelho) conquistou sua casa e sustenta a família com a renda vinda da coleta seletiva - Foto: Wendell Rafael/PMC

Ela conta ainda que três dos seus filhos também seguiram na profissão.

“Meus filhos não têm vergonha. Eles também recolhem material reciclável. Isso é orgulho!
A coleta seletiva veio para ajudar a mim e a muitas famílias. Aqui é minha família”.

População ativa

A população também está se acostumando com o serviço de coleta seletiva porta a porta, que começa a fazer parte da rotina. A moradora do bairro Novo Eldorado, Valquíria Mendes, separa o lixo reciclável em casa todas as semanas e acredita no impacto que essa prática tem na vida dos catadores. “Virou uma atividade que eu estou ensinando aos meus netos. A gente coloca o material direitinho e no dia certo. Não custa nada e a gente sabe que tem gente trabalhando com isso. É o mínimo que a gente pode fazer.”

Além da coleta, são realizadas regularmente campanhas de conscientização sobre a importância da separação correta dos resíduos, além de envolver os próprios catadores como agentes de mobilização. A população é orientada sobre como participar da coleta seletiva e os grandes geradores são monitorados para garantir o cumprimento das regras.

No bairro Riacho, a Sebastiana Alves, afirmou que aprendeu a importância da coleta seletiva com as campanhas feitas pela equipe de mobilização. “A equipe passou aqui explicando direitinho. Desde então, eu separo o que é reciclável e coloco direitinho na porta. Acho bonito o trabalho que eles fazem, é importante!”.

Como funciona a coleta seletiva

O processo da coleta seletiva geralmente começa na própria casa, empresa ou estabelecimento, onde as pessoas separam os materiais recicláveis dos não recicláveis (rejeitos). Essa separação é feita, na maioria das vezes, em quatro categorias de materiais:

• Plástico: garrafas pet (refrigerante, óleo, água), embalagens de produtos de higiene e limpeza, potes e frascos de alimentos, baldes e bacias, canos e tubos de pvc, sacos e sacolas plásticas em geral, etc.
• Metal: latas de alumínio (refrigerante, cerveja, sucos), latas de aço (milho, sardinha, molho de tomate), panelas e tampas, ferragens, etc.
• Papel: papéis branco e misto (jornais, revistas, livros, cadernos, papelão, encartes, envelopes, folhetos, cartolina, escritório em geral), embalagens longa vida (leite, suco), etc.
• Vidro: garrafas diversas, frascos (alimentos, cosméticos e medicamentos), copos, potes, tampas e outros vasilhames, etc.

Os materiais podem ser acondicionados no mesmo recipiente para entrega, e não devem estar misturados aos resíduos orgânicos e outros tipos de rejeitos (lixo de banheiro, hospitalares, cozinha e outros). O caminhão passa uma vez por semana, fazendo a coleta porta a porta.

Confira se seu bairro é atendido pela coleta seletiva: